02 outubro, 2023

Brasil marrano - 1ª parte [*]

    Os estudos sobre o marranismo brasileiro tem despertado grande interesse. No Laboratório de Estudos sobre Intolerância - LEI da Universidade de São Paulo, as pesquisas sobre Inquisição, cristãos-novos (marranos) e criptojudaísmo no período colonial, dirigidas até então pela professora Anita Waingort Novinsky, Z'L (falecida no dia 20 de julho de 2021), mapeiam o Brasil, apresentando um quadro do fenômeno que perdurou quase 300 (trezentos) anos, marcando a mentalidade brasileira.

   

    Com pouquíssimas exceções, os pesquisadores aos quais vou me referir no decorrer deste texto são todos pesquisadores do LEI, orientados pela professora Anita Novinsky.

    Nos primeiros séculos da colonização, os cristãos-novos estabeleceram-se principalmente no Nordeste do Brasil, especialmente na Bahia e em Pernambuco.                                                    

    Nesse período, o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa enviou para a região duas Visitações (em 1591 à 1595 e 1618) [1], além da presença constante de funcionários da Inquisição, comissários e familiares, que vigiavam, prendiam e enviavam esses cristãos-novos para Lisboa, onde eram julgados como hereges judaizantes.

    Para saber quem eram esses cristãos-novos, as principais fontes são os documentos manuscritos do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição e os processos de habilitação de genere [2]. Ambos são também fundamentais para o estudo da “pureza de sangue” e um dos instrumentos para se conhecer a origem das famílias.

    Os Estatutos de Pureza de Sangue [3], legislação de origem econômica, racista, estabeleceu que os conversos, antigos judeus, (chamados cristãos-novos em Portugal) não eram iguais aos cristãos-velhos uma vez que o Judaísmo era transmitido pelo sangue; esses Estatutos foram adotados pela Espanha e Portugal e em todo o império ultramarino.

    Desde o início do século XVII os inquisidores iniciaram a composição de um Livro que contivesse o registro dos nomes de todos os portugueses suspeitos de qualquer culpa contra a fé e os costumes. Essa listagem continuou até a segunda metade do século XVIII.

    Os nomes dos cristãos-novos naturais do Brasil ou aqui moradores no século XVIII já se encontram publicados em livro – Rol dos Culpados [4]. Encontramos ali não somente os presos, mas também aqueles denunciados como cristãos-novos.

    A relação mais completa compilada até agora dos moradores do Brasil, e dos naturais do Brasil presos pela Inquisição foi publicada por Anita Novinsky [5] no livro Inquisição: prisioneiros do Brasil (séc. XVI à XIX).

    No século XVI, de duzentos e vinte e três (223) prisioneiros, quarenta e nove (49) eram cristãos-novos; no século XVII, do total de oitenta e sete (87) presos, cinquenta e nove (59) eram cristãos-novos. 

    No século XVIII foram presos seiscentos e sessenta e três (663) brasileiros, sendo quatrocentos e oitenta e quatro (484) cristãos-novos, acusados de heresia judaizante [6], o que demonstra claramente o maior interesse do Santo Ofício pelos marranos do que por aqueles acusados de outros crimes.

    O crime de que eram acusados significava que, segundo os Inquisidores, após a conversão e o batismo, os cristãos-novos continuavam a professar a antiga fé em segredo.

    Era considerado crime, por exemplo, não trabalhar aos sábados, não comer carne de porco, peixe de escamas, mariscos, lebre, rezar as orações católicas sem dizer Jesus no fim, enterrar os mortos em terra virgem e covas rasas e muitas outras práticas.

    Entre as celebrações mais comuns estava o jejum do Dia Grande (Yom Kipur) do mês de setembro, o jejum da rainha Esther, a Páscoa Judaica (Pessach). A crença em um Deus único, a ideia da salvação pela crença na Lei de Moisés, a espera pelo Messias e a rejeição a imagens (feitas de pau e pedra), à idolatria e a alguns dos dogmas cristãos (como a virgindade de Maria e o Espírito Santo) estavam presentes entre os cristãos-novos.

    Todo cristão-novo confessava haver durante um certo tempo ter tido crença na Lei de Moisés para nela salvar sua alma. E, por observância da dita Lei, praticara determinadas cerimônias e se comunicara com correligionários da dita Lei.

    A confissão era necessária para salvar a vida – o processo inquisitorial assim o exigia. Porém, é certo que, embora nem todos os cristãos-novos fossem criptojudeus, todos conheciam o criptojudaísmo e todos tinham uma memória do Judaísmo.

    Os cristãos-novos da Bahia e Pernambuco no século XVI e início do XVII tem sido estudada por alguns historiadores [7]. O Doutorado de Ângelo de Assis [8] - orientando de Ronaldo Vainfas - sobre a família de Heitor Antunes e Ana Rodrigues, senhores de engenho em Matoim, na Bahia, trouxe contribuição significativa para o tema do criptojudaísmo. 

    A família Antunes mantinha em seu engenho, ao lado da capela, uma esnoga (sinagoga para os judeus ibéricos); diziam-se descendentes dos Macabeus bíblicos. Mantinham vários costumes judaicos, como abençoar os filhos passando a mão pelo rosto, da cabeça ao pescoço, rezar orações judaicas movimentando o corpo à maneira dos judeus, mostrar repulsa a símbolos cristãos, como o crucifixo entre tantos outros.

    O patriarca já havia falecido quando o Visitador chegou à Bahia, mas a matriarca e suas filhas foram presas e enviadas para Lisboa, onde Ana, uma anciã com mais de 90 anos, faleceu nos cárceres.

    Contemporâneo da família Antunes foi o poeta Bento Teixeira, autor do primeiro poema épico brasileiro, Prosopopeia [9], que viveu na Bahia e em Pernambuco no final do século XVI, tema de estudo de Eneida Ribeiro. Conhecedor do Antigo Testamento, quando menino foi ensinado no Judaísmo pela mãe.

    Chegou a querer se circuncidar, no que foi impedido pelo pai. Frequentava a esnoga, onde discutiam o Judaísmo, o papel das mulheres na religião, e discussão de dogmas da Igreja, como a Santíssima Trindade e a virgindade de Maria.

    A Bahia do século XVII foi o tema de Anita Novinsky, com sua obra clássica Cristãos-novos na Bahia, onde apresenta o conceito fundamental para a compreensão do fenômeno do cristão-novo: o “homem dividido”, dividido entre o mundo católico e o judaico [10], conceito que vários autores tem adotado como Yovel, Morin, Abensur e tantos outros filósofos [11].

    Daniela Levy [12] desenvolveu pesquisa para o Mestrado sobre as vicissitudes dos judeus na América holandesa do século XVII, A história de um povo em busca de uma terra, as dificuldades enfrentadas em uma época de profundo antissemitismo, onde a Inquisição deixava aos judeus poucas opções de moradia entremeiam a reconstrução dessa história.

    Vivendo em um período de “relativa” tolerância no nordeste brasileiro ocupado por holandeses, os judeus tiveram que novamente partir, após a retomada do território pelos portugueses.

    Um dos navios que saíram do Recife, com 23 judeus chegou a colônia holandesa na América do Norte de Nova Amsterdã, atual Nova York, esse grupo foi responsável pela fundação da primeira colônia judaica na maior cidade da primeira nação realmente democrática do mundo.

    Para o século XVIII, estudos recentes indicam que os cristãos-novos representavam no mínimo cerca de 10% da população livre do período no Nordeste. Em Pernambuco, após a expulsão dos holandeses [13], a ação inquisitorial não foi intensa (o Tribunal do Santo Ofício viveu na segunda metade do século XVII um período de retração).

    Muitos cristãos-novos haviam saído de Recife e Olinda e seus arredores e se estabelecido na Paraíba, região pertencente ao bispado de Pernambuco, onde o Santo Ofício agiu com mais rigor no século XVIII.

    No século XVII os cristãos-novos da Paraíba desfrutavam de uma posição social elevada, mas com a crise da economia açucareira entraram em declínio. No século XVIII ocorreu uma diversificação das atividades produtivas: 37% eram lavradores – cerca de metade cultivando a cana de açúcar e os outros dedicados ao plantio do tabaco, da mandioca e gêneros de subsistência.

    Outros se dedicaram à criação de gado, foram homens de negócios, militares, artesãos e alguns letrados. O que os caracteriza é que muitos tinham duas ou mais atividades diferentes.

    Como a lavoura e a pesca, a lavoura e o comércio, o comércio e a criação de gado. Houve a tendência de deslocamento do litoral para o sertão desde o início do século XVIII, o que não impediu que na década de 1730 se iniciassem as prisões desses cristãos-novos.

    Segundo Fernanda Lustosa, que estudou a região, o criptojudaísmo encontrado na comunidade marrana da Paraíba era forte, com o ensino da Lei de Moisés presente na maioria das famílias. 

    Algumas cerimônias, como o jejum do “Dia Grande”, o respeito ao Shabbat (guardar os sábados como se fossem dias santos), vestindo neles roupa limpa, a manutenção das regras dietéticas casher, não comendo carne de porco, coelho, lebre, peixe de escamas e alimentos com sangue.

    Rezavam os salmos de Davi e o pai nosso sem dizer Jesus no fim. Era um grupo crítico em relação ao Catolicismo, considerando Jesus um feiticeiro e desprezando o culto de imagens, consideradas apenas como “barro cozido”; duvidavam da virgindade de Maria e negavam a adoração da hóstia [14] Bruno Feitler [15] compartilha com Lustosa a confirmação do criptojudaísmo da Paraíba, em Doutoramento defendido em Paris.

    Após denúncia feita à Inquisição em 1726, cinquenta pessoas foram presas na Paraíba e enviadas para julgamento em Lisboa. Duas delas receberam a pena de morte, oito morreram nos cárceres do Santo Ofício e a maior parte nunca voltou para a Paraíba.

    Na Bahia, a comunidade cristã-nova continuou a atividade mercantil que marcou o século XVII, embora houvesse também senhores de engenho, lavradores, médicos, advogados e pequenos artesãos. No século XVII, cerca de 31% eram mercadores, 20% lavradores e o restante principalmente artesãos [16].

    Para o século XVIII, Suzana Santos encontrou uma proporção de mercadores maior: temos 64% dedicados ao comércio e 13% ao trabalho agrícola (5% à mineração) [17]. Nessa época, também predominaram as atividades comerciais.

    Um dos motivos desse aumento no número de mercadores é que na Bahia, muitos cristãos-novos haviam chegado à região no século XVIII, estando ali estabelecidos há pouco tempo quando o Tribunal do Santo Ofício investiu contra eles.

    É na Bahia encontramos um dos mais interessantes cristãos-novos: Antônio Cardoso Porto, cristão-novo português que havia vivido na França – na comunidade judaica de Bordeaux - chegou à Bahia no início do século XVIII.

    Homem de negócios estabeleceu-se na cidade do Salvador. Conhecia e praticava o Judaísmo – e não o criptojudaísmo encontrado entre os cristãos-novos nascidos no Brasil. 

    Ensinou sua esposa Ângela de Mesquita hábitos de higiene como o banho mensal na mikvê [18], conhecia as datas corretas das celebrações religiosas, sabia hebraico, dizia orações - nos anos em que ficara em Bordeaux, tornara-se judeu.

    Era amigo de Miguel de Mendonça Valladolid [19], outro cristão-novo retornado ao Judaísmo (que na Bahia voltou – ao menos formalmente - ao Cristianismo, tendo-se rebatizado). 

    Espanhol, vivera na Holanda e França. Chegou à Bahia no mesmo período que Antônio Cardoso Porto, e os dois podem ser considerados como heresiarcas (aqueles que ensinavam o Judaísmo aos outros cristãos-novos).

    Viajando da Bahia para as Minas Gerais, fixando-se em São Paulo, Miguel Valladolid confessou ser prosélito do Judaísmo, tentando passar aos cristãos-novos – já pouco conhecedores do Judaísmo, um pouco das tradições de seus antepassados. Apesar de ter confessado suas culpas e delas ter se arrependido, foi condenado à morte.

    Em São Paulo, que até meados do século XVIII era uma região bastante pobre, somente três pessoas foram presas e condenadas pelo Santo Ofício no final do século XVII, apesar de a população cristã-nova ser bastante numerosa, tendo raízes no século XVI, como demonstram as pesquisas de Marcelo Amaral Bogaciovas. 

    Dois eram irmãos, filhos de um banqueiro português, que vieram para São Paulo para fugir do Santo Ofício. Um deles, Teotônio da Costa, foi relaxado ao braço secular [20].

    Desde o século XVII encontramos cristãos-novos entre os desbravadores e formadores do território nacional. Antônio Raposo Tavares, organizador da primeira expedição de reconhecimento geográfico que abrangeu todo o espaço continental da América do Sul, era de família cristã-nova de Beja [21], e após a morte de sua mãe, cristã-nova, foi criado por uma prima desta que tornou-se sua madrasta. Enquanto Raposo Tavares estava nas minas, sua madrasta era torturada nos cárceres inquisitoriais.

    Nas Minas Gerais [22], atraídos pelas oportunidades do ouro, cristãos-novos vieram de outras regiões do Brasil, especialmente Bahia e Rio de Janeiro. Porém, a maioria veio de Portugal.

    Nas minas se estabeleceram em Vila Rica, Mariana, Serro Frio, Cachoeiro e região do rio das Mortes. Mantinham roças de mandioca, eram mineiros, negociavam ouro e pedras preciosas, havia alguns profissionais liberais, como médicos, mas principalmente, dedicaram-se ao comércio, trazendo para a região gêneros essenciais para a subsistência.

    Negociantes cristãos-novos da Bahia e do Rio de Janeiro enviavam “carregações” para as Minas. Alguns ali mantinham residência, deixando na cidade de origem suas famílias, indo e vindo entre a região e o litoral.

    Levavam para lá vestimentas como chapéus, camisas, calções de pano de algodão; comerciavam panos de linho, aguardente, sal, açúcar, queijos, peixe seco, cavalos, gado e escravos [23].

>>> Continua na 2ª parte.

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

[*] Alguns trechos deste texto fazem parte do artigo “Um Brasil subterrâneo; Cristãos-novos no século XVIII”, de minha autoria, publicado em livro editado por Keila Grimberg, História dos judeus no Brasil. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2005, pp.137-160.

[1] Ronaldo Vainfas (ed.): “Introdução” Denunciações da Bahia. São Paulo, Companhia das Letras, 1997; Eduardo d´Oliveira França e Sonia Aparecida Siqueiraª “Introdução” a “Segunda Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil pelo inquisidor e visitador licenciado Marcos Teixeira – Livro das confissões e ratificações da Bahia” in Anais do Museu Paulista. São Paulo, tomo XVII, 1963. Sonia Aparecida Siqueira: A Inquisição portuguesa e a sociedade colonial. São Paulo, Ática, 1978. Alguns autores trataram da ação inquisitorial das Visitações no Nordeste e do período holandês. Ver entre outros, Arnold  Wiznitzer: Os judeus no Brasil colonial. São Paulo, pioneira, 1966; Elias Lipner: Os judaizantes nas capitanias de cima. São Paulo, Brasiliense, 1969; José Antônio Gonçalves de Mello: Gente da Nação. Recife, Massangana, 1989.

[2] Os manuscritos do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa estão arquivados em Lisboa no Arquivo Nacional da Torre do Tombo; os processos de habilitação de genere são encontrados nos arquivos das Cúrias da Igreja Católica em diversas cidades brasileiras.

[3] Ver Albert Sicroff: Les Controverses dês Status de Pureté de Sang en Espagne du Xve au XVIIe siècle. Paris, Librarie Marcel Didier, 1960; Charles Amiel: “La pureté de sang” in Espagne-Études Inter-Ethniques, 6, 1983. Anita Novinsky: A Inquisição. 4a ed, São Paulo, Brasiliense, 1986; Maria Luiza Tucci Carneiro: Preconceito racial no Brasil colônia. São Paulo, Brasiliense, 1983.

[4] Anita Novinsky: Inquisição - Rol dos Culpados – fontes para a história do Brasil, século XVIII. Rio de Janeiro, Expressão e Cultura, 1992. O Rol dos Culpados – século XVII está no prelo.

[5] Anita Novinsky: Inquisição – Prisioneiros do Brasil, séculos XVI-XVIII. Rio de Janeiro, Expressão e Cultura, 2002.

[6] Ibidem, p.39.

[7] Ver Wizniter, A. op. cit; Ângela M. Vieira Maia: À sombra do medo. Cristãos-velhos e cristãos-novos nas capitanias do açúcar. Rio de Janeiro, Oficina Cadernos de Poesia, 1995; Elias Lipner, op.cit.

[8] Ângelo Adriano Faria de Assis: Macabeas da Colônia: criptojudaísmo feminino na Bahia- séc. XVI-XVII. Niterói, UFF, Doutoramento, 2004, mimeo.

[9] Prosopopeia – poema épico que relata a viagem e o naufrágio de Jerônimo de Albuquerque, publicado pela primeira vez em 1601, um ano após a morte do autor.  Ver Eneida Ribeiro Bento Teixeira: o marrano que teve a prisão por recreação, a solidão por companhia e a tristeza por prazer. Relatório de Qualificação (Mestrado). São Paulo, FFLCH-USP, 2005, mimeo.

[10] Anita Novinsky: Cristãos-novos na Bahia, São Paulo, Perspectiva, 1972, p.162.

[11] Yirmihahy Yovel: Spinoza and other Herectics. Princenton, Princenton University Press, 1989, 2 vols. Edgar Morin: Os meus demônios. Sintra, Publicações Europa América, 1994; Jean Pierre Winter. Os errantes da carne: estudos sobre a histeria masculina. Rio de Janeiro: Cia. de Freud, 2001; Antônio Damásio: Looking for Spinoza – Joy, Sorrow and the Feeling Brain. New York, Hartcourt, 2003; Michel Abensur: Le Paria – une figure de la Modernité. Tumultes, no 21-22, nov.2003, ed. Kimpe, 2003.

[12] Daniela Levy: A expansão dos judeus sefaradim no novo mundo (Pernambuco, século XVII). (Mestrado em andamento).

[13] Esse período é fundamental para a história das religiosidades no período colonial período. Não é possível examiná-lo aqui devido à riqueza do tema!

[14] Ver Fernanda Lustosa: “Marranismo na Paraíba: adaptação e resistência”. In Lina Gorenstein e Maria Liza Tucci Carneiro (org.): Ensaios sobre a Intolerância – Inquisição, Marranismo e Anti-semitismo. São Paulo, Humanitas/FFLXH-USP, 2002, p.141-142. Ver também da mesma autora, Raízes judaicas na Paraíba colonial. São Paulo, FFLCH-USP, Mestrado, 2002 (mimeo) e Bruno Feitler: Inquisition, juifs et nouveaux-chrétiens au Brésil. Le Nordeste, XVIIe-XVIIIe siècles. Louvain, Presses Universitaires de Louvain, 2003.

[15] Ver Bruno Feitler: Inquisition, juifs et nouveaux-chrétiens dans lês capitanies du nord de l´Ètat du Br´sil aux XVIIème et XVIIIème siècles. Thèse de Doctorat. Paris, Écoles dês Hautes Études em Sciences Sociales, 2002.

[16] Ver Suzana Maria de Souza Santos: Marranos e Inquisição (Bahia, século XVIII). São Paulo, FFLCH-USP, Mestrado, 1997 (mimeo); “Uma família cristã-nova portuguesa na Bahia setecentista” in Lina Gorenstein e Maria Luiza Tucci Carneiro, op. cit., pp.145-174.

[17] Anita Novinsky: Cristãos-novos na Bahia, op. cit., p. 176.

[18] Mikvê, palavra hebraica que significa “reunião”. Piscina de água “viva”, acumulada da chuva ou de uma fonte, que é usada no ritual de purificação e ablução. Por exemplo, mulheres casadas usam a mikvê após a menstruação, antes de recomeçarem as relações sexuais com seus maridos. Ver Alan Unterman: Dicionário judaico de lendas e tradições. Trad. Paulo Geiger. Rio de Janeiro, Jorge Zahar ed., 1992, p.175.

[19] Ver Claudeteane Rodrigues “Miguel de Mendonça Valladolid: um mercador cristão-novo” in Lina Gorenstein e Maria Luiza Tucci Carneiro, op. cit., pp. 215-220.

[20] “Relaxado ao braço secular” significava que o réu havia sido condenado a morte pelos Inquisidores. Como a Igreja Católica nunca “matava”, entregava o preso ao poder secular que executava a sentença. A pena era a morte na fogueira; se antes da execução da sentença o réu dissesse que desejava morrer pela Lei de Cristo, antes de ser queimado, era garroteado. Caso contrário, era queimado “em carne”, ou seja, vivo. Marcelo Amaral Bogaciovas está preparando dissertação de Mestrado sobre os cristãos-novos de São Paulo, com o título: Tribulações do Povo de Israel na São Paulo Colonial.

[21] Ver Anita Novinsky: “Cristãos-novos na construção do Brasil” in Arnaldo Niskier (coord.) Contribuição dos judeus ao desenvolvimento brasileiro. Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras e Univ. Gama Filho, 1998, pp. 29-40.

[22] Ver Anita Novinsky: “Ser marrano em Minas Colonial” in Revista Brasileira de História. São Paulo, ANPUH/Humanitas, nº 40, julho de 2001, pp. 161-176.

[23] Ver Lina Gorenstein Ferreira da Silva: Heréticos e Impuros – Inquisição e cristãos-novos no Rio de Janeiro, século XVIII. Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, Departamento de Informação e Editoração, 1995.

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

CRÉDITOS

Autora: Lina Gorenstein Ferreira da Silva

Adaptação: Macabeo Gomez Amarias - מכבה גומר אמריה           

Imagens: 1ª - Profa. Dra. Anita Waingort Novinsky (Z’L). 2ª - Editora Planeta. 3ª - Pintura "Auto de Fé de la Inquisición", do pintor espanhol Francisco Goya. Foto: Real Academia de Bellas Artes de San Fernando - Madri.

CENTRO CULTURAL SERIDIM 🌵 Do Seridó à Sefarad! - CCS © 2015/2023

Contato: centro.cultural.seridim@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Inquisição no Brasil: como o Tribunal do Santo Ofício perseguiu brasileiros por séculos.

Quase dois mil brasileiros foram julgados pelo tribunal formado por membros da Igreja Católica Apostólica Romana. Judeus ibéricos (Espanhóis...